Ganhei de presente de minha filha, certa vez, um apoio de mesa em forma triangular que informava, a cada face, meu estado de espírito. De um lado se lia: "Papai feliz". De outro: "Papai preocupado". E por fim "Papai nervoso".
Claro que quem deveria atualizar este placar de humores era eu, afinal quem melhor saberia de mim? Nunca funcionou, é claro, e o presentinho singelo descansa até hoje em minha mesa de trabalho, fixo na mensagem muitas vezes mentirosa "Papai feliz"...
Zapeando alguns blogs outro dia, percebi que alguns autores adotaram aquelas famigeradas carinhas amarelas para avisar de seu estado de espírito. Não sei se os blogueiros atualizam esta informação da mesma maneira que o faço com o presentinho da minha filha, mas de que me serve saber se fulano está feliz ou preocupado, ou se beltrana atravessa os eflúvios da TPM?
Nosso estado de espírito deveria refletir o que nos vai pela alma. Afinal, esta seria a manifestação exterior de nosso equilíbrio íntimo. Mas não é o que acontece, e bem sabemos que nem sempre o que demonstramos é o que sentimos. Há gente que ri de maneira desvairada quando está nervosa e tensa ao extremo. Há os que se calam qual ruminante quando estão preocupados. Tem gente que chora de alegria, como tem gente que gargalha em desespero. Tem gente que, mesmo nas melhores fases, é adepta constante do mau-humor.
Aprendemos a jogar com nossos próprios sentimentos, escondendo o que sentimos, dissimulando o que nos aflige. Somos embrulhos onde a capa não condiz com o conteúdo. Alguns dizem que é pura autodefesa, outros que não temos consciência do que somos.
Podemos não conhecer a resposta para esse dilema, mas devemos ao menos perceber o tamanho do desafio: só conseguiremos ser transparentes para o mundo se formos capazes de entender nossas próprias limitações. Isso tem nome: auto-conhecimento.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
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