quarta-feira, 8 de julho de 2009
O moonwalker final - Do blog Sem Título Ainda, de Rafa Barbosa
Esse é um daqueles momentos em que nada que se escreve faz algum sentido ou expressa o verdadeiro sentimento que permeia a mente de quem escreve. É um daqueles dias onde, em questão de horas, o mundo como você o conhece muda de tal forma que você pára e pensa: por que?
Lembro quando eu era bem novinho, lá pelos meus 4 ou 5 anos de idade e via na TV aquele cara com roupa brilhante, luva em uma das mãos e um sapato brilhante e mágico que o fazia deslizar como se estivesse flutando a alguns centímetros do chão.
Esse cara era o Michael Jackson. Esse foi o meu primeiro contato com o famoso Rei do Pop. Na época o cd de trabalho dele era Dangerous, mas não era difícil vez ou outra assistí-lo fazendo a sua marca registrada, o moonwalk em algum vídeo ou show na TV.
Ah o moonwalk. Ou como eu chamava naquela época, “passinho que desliza para trás”. Acredito que todo mundo já tentou executá-lo pelo menos uma vez na vida. Fiquei anos a fio tentando entender qual era o mistério por trás daquele passo incrível de dança. Quando não consegui, cheguei a conclusão de que não havia como fazer igual, era mágica. A mágica do Michael Jackson.
Mas aí, em 2003, no meu segundo ano colegial conheci o Fabiano. O cara era fã de carteirinha do Michael. Colecionava posters, reportagens, vídeos e tudo o mais que você imaginar. E o melhor de tudo: ele fazia Cover do Michael em apresentações. Ou seja, o cara dançava praticamente igual. Praticamente, porque igual não tem como.
Quando fiquei sabendo disso a primeira reação foi: “Cara, manda um moonwalk ai pra eu ver”! Dito e feito. O Fabiano foi lá e fez, com uma perfeição tremenda. Na mesma hora implorei para que ele me ensinasse. Após algumas semanas eu já dominava o básico do Moonwalk e, enquanto trocava de roupa após a aula, aproveitava os minutos so de cueca e meia e praticava o “passinho de deslizar pra trás”. A primeira vez que acertei foi inesquecível, e desde então, sempre que tenho a oportunidade faço o tal passo nas pistas de dança.
Mas ai, com o tempo, Michael Jackson não era mais o mesmo. Cada vez mais recluso e cheio de polêmicas, aparecendo vez ou outra em público e sem nada inédito desde 2001. Mas o que isso importava? Nada. Eu tinha internet, tinha computador e tinha o KazaA.
Guardado com todo o carinho até hoje em meu HD, tenho todos os cds já lançados por Michael Jackson, incluindo seus Greatest Hits ou coletâneas, como a última lançada no ano passado: The King of Pop. E vou mais além, também tenho todos os álbums regulares do Jackson Five e alguns outros lançamentos incluindo coletâneas da Motown.
Por que isso tudo? Eu achava o cara foda em todos os sentidos.
Pedófilo? Não sei dizer. Quem poderia dizer isso era o garotinho, mas sabe como é. Crianças nunca mentem.
Não importava se o cara era julgado ou aparecia cada vez mais bizarro. Ele ainda era o Rei do Pop, “O” Michael Jackson.
No último ano tivemos a notícia de que o Rei voltaria com tudo. Uma turnê já estava marcada e, somente em Londres, 50 shows agendados para a segunda metade de 2009. He’s Back. E acreditei em cada segundo que Michael Jackson voltaria com tudo. Retornaria ao trono que é seu por direito e que nunca foi ou será ocupado por outro artista.
De repente, e não mais do que isso, chego em casa em uma quinta-feira e me deparo com a notícia de que Jacko havia falecido. Como assim? A primeira reação foi pensar que não passava de um outro hoax como aquele que mencionava a morte de Silvio Santos.
No Twitter só se falava disso. As informações eram desencontradas. Na Globo anunciava que ele havia sofrido um enfarto. No Twitter, ele já estava morto. Nos portais de notícias havia a informação de que fora confirmada a sua morte por fontes, mas nada oficial.
Até que mudei de canal e coloquei na CNN. De fato, a mensagem Michael Jackson is dead estava na tela. Era difícil acreditar. Um dos caras que marcou a minha infância morto, de repente. Não chorei, não fiquei traumatizado mas, inevitavelmente o meu dia perdeu toda a graça. Fiquei triste, desanimado.
Eu realmente esperava um dia ver o Moonwalker pessoalmente, mesmo que capenga por causa da idade, mas ali, executado pelo mestre. Não foi dessa vez. Michael Jackson deu o seu Moonwalk final e, como todo rei, saiu de cena com todos os holofotes em cima dele.
Seu lugar jamais será ocupado por outro “cantor pop”. O cara era único. Era talento puro. A história não nega.
O mundo perdeu um grande artista. Performático por natureza, estrela por natureza e, acima de tudo, humano. Como eu ou você e, sendo assim, não julguemos o cara. Ele teve os seus problemas da mesma forma que eu e você temos os nossos. Deixemos que as boas lembranças permaneçam.
Deus abençoe o Youtube e as redes P2P. Graças a elas o legado de Michael Jackson estará a salvo para as futuras gerações.
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